A gente ouve falar nesse termo, inclusão digital, frequentemente. Às vezes quando o assunto está relacionado a projetos que levam internet a pontos “inóspitos”, ou quando instituições disponibilizam espaços para pessoas que muitas vezes não tem condições em ter um device (computador, celular, tablet, etc) para se conectar a web.
Mas sinto informar, no Brasil, NÓS FALHAMOS! Mesmo que temporariamente.
Não estou falando do que a maioria das pessoas pensaram de imediato, política, direitos, nada disso.
Estou falando dos “analfabetos digi-funcionais” que nós criamos. SIM, nós!
Quantas vezes você teve paciência de ensinar algo para uma tia/tio, uma avó/vô, quando se trata de internet/digitalização?! Geralmente as pessoas acabam aprendendo a usar o Facebook sozinhas, a publicar e responder comentários, a falar no grupo da família do WhatsApp, pois as empresas possuem um trabalho forte para tornar tudo intuitivo. MAS…
Você sabia que “55% dos brasileiros acham que o Facebook é a internet” (pesquisa mostrada no Olhar Digital)?
Enquanto em alguns lugares, algumas pessoas se desenvolvem digitalmente “sozinhas”, como o caso do menino africano que não tinha internet mas venceu prêmio do Google, aqui, para a maioria das pessoas tudo se resume ao Facebook, Whatsapp e também Youtube.
Muitos dirão que isso pode ser oldschool, mas quem ai fez curso de informática? Pacote Office?
Não é difícil ver pessoas que são contratadas para uma vaga de trabalho e achar que o Microsoft PowerPoint é pra “tratar” imagem. Não saber fazer uma soma no Excel, regular margem no Word então. Estou falando de jovens, não pessoas de meia idade ou idosos. Ah, geralmente no currículo consta:
– Conhecimentos:
• Informática (Windows, Microsoft Office)
Pura ilusão, do contratante que terá que ensinas o funcionário, e da própria pessoa, que acha que sabe.
Em alguns casos mais extremos, NÃO SABEM LIGAR O COMPUTADOR, pois é diferente do que tem em casa.
“Ah, mas não precisa fazer curso pra aprender a mexer no Excel…” talvez hoje não mesmo, mas você sabe achar tutoriais ou dicas relevantes via web?
Você sabe se seu irmão, sua mãe, namorado, ou qualquer outra pessoa próxima conhece essa “função” do Google?
Outro dia a mãe de um amigo descobriu que poderia aprender receitas novas pelo Youtube, olha que demais! Precisamos mostrar as partes boas dessas ferramentas.
Não estou falando que “somente” o conhecimento de usuário das redes sociais seja ruim, não. Sem isso e sem os gifs de bom dia nos grupos de família, muitos sentiriam mais a distância dos demais.
Enquanto temos geeks como os citados no texto sobre a Campus Party, outros jovens de mesma faixa etária estão totalmente “por fora”.
Também não estou falando que todos devem sentar a frente de um computador para trabalhar, mas é claro que um trabalhador que usa a força física no trabalho e é educado digitalmente pode tirar proveito da internet. Já viu o tanto de vídeos sobre construção no Youtube com dicas que ajudariam e muito pedreiros e mestres de obras Brasil afora?
Lateralmente, temos a parte de alfabetização mesmo. O corretor automático (ou sugestão de palavras) do celular não é chato, ensinem isso para as pessoas. Ele pode ser bastante útil (podendo até evitar de alguém passar “vergonha” por escrever algo bastante errado).
Ensine que pelo computador, quando um risquinho vermelho aparece abaixo de uma palavra, provavelmente ela esta escrita errada. Eu mesmo usei esse “recurso avançado” para escrever esse texto.
Quantos jovens deixam de aprimorar os conhecimentos, de estudar para um vestibular, por “não lembrar” que existe internet além das redes sociais.
Internet é relacionamento, mas também é cultura e informação.
Quem nunca recebeu aquela mensagem com 2 laudas sobre uma notícia BOMBÁSTICA que sua mãe enviou, mas você sabe que não é verdade. Já parou pra explicar pra ela que não é porque alguém enviou via WhatsApp, que é verdade?
O volume de notícias falsas é alarmante. Teve caso de gente causando corre-corre devido um boato sobre o Bolsa Família.
Compartilhamentos revoltosos sobre textos do Sensacionalista. GENTE, ensinem a ler além do título, a buscar referências do veículo, se não tiver 100% de certeza sobre a notícia ou o veículo, pergunte aos outros, NÃO AFIRME algo sem ter certeza.
Eu não gosto de ler, confesso. Leio pois é necessário, as vezes de forma dinâmica, outras mais profundas… é verdade.
A quantidade de opiniões formadas a partir do título de uma noticia não pode mais ocorrer. Só se fala algo se tiver propriedade, opinião sem embasamento é “conversa de boteco”.
Deveríamos iniciar um movimento de alfabetização digital, de uso de recursos, que em alguns casos pode até melhorar a vida de algumas pessoas.
Will Crug
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